Wednesday, May 3, 2006

ARTIGO X2: Segunda Onda (ou Mobile Tsunami) – Parte 1

Segunda Onda (ou Mobile Tsunami) – Parte 1

JumpExec – Coluna Mobile Marketing – Maio/2006

César S. Cesar 
 

"Conheça o inimigo, conheça a si mesmo; sua vitória jamais correrá perigo. Conheça o terreno, conheça o clima; sua vitória será então total". 

Sun Tzu, A Arte da Guerra (século VI a.C.) 

Olá! É com grande prazer que assumo a coluna de Mobile Marketing do JumpExec. Nos meus primeiros artigos, gostaria de compartilhar um pouquinho de história, números e horizontes deste mercado com você, informações importantes para que consiga traçar uma estratégia de mobile marketing vitoriosa para seus negócios. Espero poder contribuir e conto com sua participação através de comentários, críticas e sugestões para cesarx2@gmail.com . 

Dias agitados no mundo da mobilidade. Há alguns dias estive com Paul Otellini, CEO mundial da Intel, que veio ao país abrir oficialmente a Semana da Mobilidade Intel1, primeiro grande evento público específico sobre este tema promovido no Brasil. Depois foi a vez de John Traynor, Diretor Mundial de Mobility da Microsoft, em nossas terras com o intuito de formalizar o compromisso da gigante do software com o mercado mobile – e mostrar um punhado de dream gadgets2 estampados com o logo das janelinhas (entre eles um Treo 700w, da ex-arquiinimiga Palm), que estarão desembarcando por aqui nos próximos meses. Pra quem me conhece, dá pra imaginar que babei um bocado (até já encomendei um! :o)  

Aliás, um fato que pode ser curioso para muitos, mas esconde inteligência "billgatesiana". Mobility, Digital Entertainment e Windows Embbeded (Windows em dispositivos sem telas... e sem janelas!) estão sobre a mesma divisão da Microsoft. Em outras palavras, uma mesma unidade de negócios cuida de celulares, centrais de entretenimento domésticas e também geladeiras com Windows. Percebe o claro movimento para convergência? Esteja onde estiver, na hora que quiser ou precisar, mesmo fazendo uma boquinha de madrugada na cozinha, você tem sua tv-vídeo-aúdio-foto-games-notícias-e-comunicação-wireless-via-MSN-messenger-e-VoiP 3 à disposição. 

Você se lembra de 1994? Raros eram aqueles que ouviram falar de uma tal de Internet. A Netscape lançou seu Navigator em Outubro de 1994, e este se tornou o mais popular navegador no ano seguinte. A Microsoft, que até então havia ignorado a Internet, entrou na briga com o seu Internet Explorer, comprado às pressas da Splyglass Inc. Isso marcou o começo da guerra dos browsers, e essa disputa acabou por difundir a Web para milhões de usuários não-nerds de PC (nada contra os nerds, eu mesmo sou um deles!). Em meados de 1995 a Amazon começou a operar, e o restante desta história você já conhece... Você e os 25 milhões de usuários de Internet 4 no Brasil.  

Mas e os outros 160 milhões de brasileiros? E os 5.200.000.000 habitantes do planeta (dos 6 bi no total) que não tem acesso a Internet? Dizem que a Rede veio para conectar os povos e incluí-los na revolução digital, mas por que em 12 anos de existência comercial somente 13% da população tem acesso a ela? Como acelerar a adoção?  

Internet é conhecimento, Internet é serviço, Internet é entretenimento, Internet é comunicação. E mantendo a ordem da evolução, celular é comunicação, celular é entretenimento, celular é serviço, celular é conhecimento. Não é a toa que todos os grandes players, como Microsoft e Intel, estão apostando suas fichas na mobilidade e na convergência entre comunicação, serviço, entretenimento e conhecimento. Esta é a resposta para o problema da inclusão digital, o meio de levar a Internet e suas benesses para a massa. A fórmula é:  

Inclusão Digital = Mobilidade + Convergência 

Hoje um terço da população do planeta tem celular, são dois bilhões de aparelhos direta ou indiretamente conectados a Internet. No Brasil, mais da metade dos brasileiros tem um destes nas mãos 5. O mercado mundial de terminais cresce em média 30% ao ano, contra 1,9% de crescimento populacional6. Neste ritmo, em pouquíssimo tempo teremos um celular para cada indivíduo na Terra – pelo menos para aqueles que vivem acima da linha da pobreza :o(  

Mas por que tanta gente compra celular? Pra falar? Sim! Tanto que hoje 85-95% das receitas das operadoras vem dos serviços de voz. Mas o povo tem comprado também para mandar e receber mensagens curtas de texto (SMS), o tipo de troca de dados mais elementar da Internet. Podemos considerar este fato como o marco inicial da inclusão digital, já que a troca de SMS é um sucesso de público e crítica?  

Fazendo um paralelo com a história da Internet7, no início, bem antes da estréia dos browsers, a grande utilidade da Rede era a troca de mensagens. Desde 1965 (!) pesquisadores e acadêmicos utilizavam e-mails para coordenar pesquisas e trocar aprendizados. Conhecimento em formato puro circulava por esta mídia. Corrigindo, conhecimento puro, mas em formato texto, pois isto era o máximo que a interface dos mainframes permitia à época.  

A tecnologia avançou, as redes ficaram mais confiáveis e velozes, os computadores diminuíram de tamanho e receberam tela gráfica, som e mouse, influências da visita do do Steve Jobs aos laboratórios XEROX PARC na Califórnia. Os browsers apareceram e com eles páginas e páginas de conteúdo espalhadas pela Rede, unidas por links e indexadas por mecanismos de busca que, por sua vez, possibilitaram recombinar as informações de forma a gerar conhecimento. A usabilidade finalmente estava presente e foi decisiva para mudar o perfil do usuário de Internet: de cientistas que dominavam comandos obscuros de interfaces texto, para usuários leigos navegando através de links em, literalmente, um mundo de conteúdo multimídia.  

Assim como os mainframes, até pouco tempo atrás a maioria dos celulares vendidos tinham apenas interface texto e estavam capacitados para troca de mensagens curtas. Mas ainda não era possível considerar uma pessoa com tal equipamento como incluída digitalmente. Afinal, por mais rápido que um garoto de 12 anos consiga digitar um SMS em seu aparelho, é um pouco difícil gerar conhecimento em pílulas de 130 caracteres. Faltava o componente usabilidade.  

Não, não, usabilidade não. Experiência! 

(continua no próximo artigo)

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