Friday, May 12, 2006

ATT: Exclusivo: Jakob Nielsen fala sobre usabilidade no celular e em buscas (JumpExec)

13.02.2006

JumpExec entrevista com exclusividade  Jakob Nielsen, o mais conhecido "guru" mundial  da usabilidade; Nielsen e Jared Spool – outro estudioso do assunto -  falam sobre mobile marketing, buscas na internet e aplicações em banda larga.

A usabilidade é cada vez mais considerada como um fator competitivo na internet. E agora, com a disseminação das aplicações móveis e de formas cada vez mais elaboradas de publicidade via web, o assunto toma outros rumos, ainda mais complexos – e decisivos para os negócios.

Jakob Nielsen

Por isso mesmo, JumpExec foi ouvir de dois dos maiores especialistas em usabilidade do mundo como é que eles enxergam essas novas questões, Jakob Nielsen dispensa apresentações, já que é considerado um dos pioneiros no estudo da usabilidade na web, autor de livros que são considerados verdadeiras bíblias a respeito. Já  Jared Spool, CIO da User Interface Engineering, é um pouco menos conhecido, mas não menos importante. Suas opiniões são consideradas bem mais controvertidas do que as de Nielsen.

Apesar da complementaridade de suas opiniões, tanto Nielsen quanto Spool são unânimes em afirmar que a usabilidade para aplicações móveis ainda tem um longo caminho a trilhar.

Usuário enfrenta dificuldades na usabilidade em aplicações móveis

Para Jakob Nielsen, a usabilidade das aplicações móveis está longe de oferecer uma boa experiência a seus usuários, por vários motivos. "Em primeiro lugar, o hardware raramente apresenta um design realmente bom. Muitos usuários sequer são capazes de usar a agenda de contatos em seus telefones, por exemplo. Pior ainda, as fontes de informação e conteúdos para aplicações móveis quase nunca são ideais para o ambiente. É muito comum, por exemplo, ver conteúdo desenvolvido originalmente para a web sendo simplesmente transferido para o ambiente móvel, sem qualquer otimização", diz.

Nielsen lembra de outras características próprias do aparelho celular: "Numa tela pequena, utilizada enquanto você está em movimento, seria preferível obter serviços mais específicos com menos opções de escolha e escrita abreviada. Aplicações móveis são muito diferentes do que uma simples visita a um website no computador do escritório, assim como os websites são diferentes do que as revistas impressas. É preciso aprender uma lição: não se deve usar o mesmo design para diferentes tipos de mídia".

Sobre este assunto, Jared Spool comenta que, pelo menos nos Estados Unidos, as aplicações móveis estão sendo planejadas sem qualquer estudo de usabilidade. "Aqui nos EUA, estamos  no estágio do 'cavalo falante', o que significa algo como 'não importa o que o cavalo realmente está dizendo, e sim o fato de que se trata de um milagre'", afirma.
Jared Spool

Spool continua: "Os provedores de aplicações móveis estão preocupados apenas em fazê-las funcionar.  As suas prioridades estão mais na preocupação com a capacidade dos servidores suportarem a alta demanda dos serviços. A usabilidade realmente não importa quando você não pode fazer algo funcionar.  A usabilidade nestas aplicações somente se tornará algo importante quando os provedores tiverem solucionado todos os problemas de capacidade da rede e se perguntarão por quê ninguém está utilizando os serviços. Então, eles descobrirão que (a) ninguém precisa realmente da aplicação ou (b) a aplicação não é usável e os usuários preferem achar outra maneira de resolver seus problemas, Somente neste ponto é que os provedores passarão a se interessar pela usabilidade de suas aplicações", diz.

Aplicações em banda larga: mudança na usabilidade?

O advento da banda larga e de aplicações mais sofisticadas está mudando os hábitos de grande parte dos usuários de internet. A usabilidade destas novas aplicações deve acompanhar estas mudanças?

Para Jared Spool, a resposta é não. "A usabilidade serve para que os usuários atinjam  seus objetivos com a menor frustração possível. Isto independe do meio no qual eles navegam. Á medida em que a tecnologia muda, surgem novos focos de frustração, e isso não é exclusivo da banda larga. Criar designs que evitam a frustração e encantam usuários é um desafio constante, e que independe da mídia onde são desenvolvidas".

Jakob Nielsen reforça: "Nenhuma das diretrizes da usabilidade muda com a banda larga, porque elas são determinadas mais pelas características do usuário do que pela tecnologia. Por exemplo, a necessidade de escrever diretrizes de usabilidade claras permance a mesma, assim como desenvolver uma arquitetura de informação que possibilite que os usuários possam achar facilmente o que procuram, no lugar onde esperam que as informações estejam".

Porém, Nielsen destaca dois aspectos da banda larga que afetam algumas regras básicas da usabilidade: "Primeiro, é possível disponibilizar mais e maiores figuras sem que isso prejudique a regra do download nunca ser maiores do que um segundo. Além disso, agora é possível usar vídeo na internet. No passado, o que eu dizia a respeito do uso do vídeo em websites era: 'não use vídeo online', porque isto afetava os padrões de frames então disponíveis. Agora, esta restrição não faz mais sentido, e por isso precisamos pensar como fazer o vídeo funcionar bem na internet, sempre lembrando que isto é muito diferente do vídeo que funciona bem na televisão, o que é uma experiência totalmente diferente. Afinal, as pessoas estão, na maioria das vezes, relaxadas enquanto assistem TV, enquanto usuários de web estão altamente focados em conseguir as informações que querem sem muitas delongas".

Nielsen lembra outro aspecto que diferencia a banda larga: "O acesso a conexões mais poderosas estimula os usuários a não ficar tanto tempo em um só site. Em conexões discadas, a navegação se tornava um pouco difícil, mas com a banda larga, os usuários se sentem encorajados a procurar por respostas rápidas. Isto faz com que o design dos websites seja feito para estimular visitas mais curtas, onde os usuários visitam no máximo duas ou três páginas a cada visita. Você não pode mais contar que alguém queira visitar seu site em sua totalidade".

Os buscadores não resolvem os problemas do usuário

Jakob Nielsen já escreveu sobre a febre da busca na internet, e tem suas próprias idéias a respeito da usabilidade do recurso mais utilizado na web: "Recentemente, está havendo um declínio na utilização das buscas como um meio de identificação de bons websites.  Mais do que uma procura por sites para explorar, agora os usuários procuram por respostas específicas nos buscadores. Ou seja, a web tem se tornado um recurso para pessoas que usam os buscadores para encontrar páginas relacionadas a suas necessidades específicas, não importando quais são os provedores destas informações".

Para o pesquisador, os buscadores se transformaram em "máquinas de resposta", já que sua função não é mais pesquisa, e sim ajudar a responder as questões específicas de cada usuário. Porém, segundo Nielsen, os buscadores não estão conseguindo satisfazer as necessidades deste novo comportamento dos usuários. "Eles são muito bons se tudo o que você precisa é achar um site específico. Por exemplo, se você procurar por 'usabilidade', você achará meu website. Mas os buscadores são menos eficazes quando se trata de resolução verdadeira de problemas específicos", diz.

No entanto, Nielsen é otimista: "Busca se tornou um negócio tão rentável que montes de dinheiro são investidos para se desenvolver buscadores ainda mais eficazes.  Parece até que uma novo buscador é lançado a cada semana. Além disso, os três maiores buscadores têm belos orçamentos de desenvolvimento e pesquisa. Por isso, estou confiante que os recorrentes problemas de usabilidade em buscadores serão resolvidos no futuro", encerra.

 

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