Thursday, April 13, 2006

Na busca pela mobilidade (Status Operadoras e Soluções Corporativas)

Na busca pela mobilidade (ComputerWorld) Na busca pela mobilidade Terça-feira, 6 dezembro de 2005 - 12:19 Ceila Santos O mercado de telefonia móvel já superou o principal obstáculo na oferta de serviços corporativos. Tanto que pela primeira vez as corporações estão correndo atrás das operadoras para fechar negócios. Esse movimento inverso da demanda em busca da oferta só foi atingido devido a três fatores: maturidade da indústria de terminais (os dispositivos estão mais inteligentes, versáteis e menos caros), as redes de dados das operadoras têm maior abrangência de cobertura, além de serem mais velozes, e os parceiros de desenvolvimento de aplicações estão consolidados e repletos de inovações segmentadas. Resultado: "O volume de vendas ao mercado corporativo cresceu 130% este ano", garante o gerente da divisão de dados da Vivo Empresas, Marco Boemeke, comparando o resultado com 2004. O executivo reconhece que o salto aconteceu de um patamar de vendas bastante pequeno - a receita de dados representa apenas 6,5% do faturamento total da Vivo e engloba, além dos projetos corporativos, o uso dos serviços da base de clientes físicos -, mas ressalta que o movimento aponta maturidade do mercado. Vale ressaltar que esse aprendizado foi ainda mais intenso por parte das operadoras, que começaram a desenvolver soluções mais acessíveis às corporações. "Há dois anos, a Termolar analisou a viabilidade da automação de força de vendas e constatou que os custos eram inviáveis. Hoje, investimos apenas 210 mil reais para fechar o projeto com a TIM e pagamos em torno de 5,5 mil reais por mês pela despesa de telefonia e de aluguel do sistema de força de vendas, desenvolvido pela Trevisan", revela Carlos Vieiro, gerente de TI da tradicional fabricante de garrafas térmicas. O projeto começou em outubro do ano passado na Termolar, com 60 vendedores utilizando os aparelhos Nokia 6660 e 9550 para enviar os pedidos feitos nos pontos de venda de São Paulo, Rio de Janeiro e capitais do Sul do País. "Agora, os coordenadores desses vendedores estão iniciando a segunda etapa, que implica avaliar a rentabilidade de cada venda. O sistema bloqueia os pedidos considerados de baixa rentabilidade e só é aprovado o desconto da venda depois que o gerente avalia o histórico do cliente e a margem dos produtos", conta Vieiro. A Termolar planeja, ainda neste ano, estender a automação do pedido para 115 representantes, atingindo também as regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste. Em 2006, a idéia é expandir a automação também para o processo de pós-venda por meio do envio de informações do vendedor sobre a rede de varejo atendida. "Estamos estudando que tipo de informação deverá ser captada pelo vendedor para desenvolver melhor a aplicação de análise da demanda. Por enquanto, imaginamos informações como a disposição dos produtos da concorrência na gôndola e preço, além da demanda do próprio varejo", adianta Vieiro. Somando todas essas etapas, a Termolar planeja aumentar em até 3% a receita líquida da empresa, avaliada em 40 milhões de reais, sem alterar o volume de vendas. Ou seja, o objetivo do projeto é aumentar a produtividade: ganhar mais com o mesmo. Essa estratégia, aliás, é o grande apelo da oferta corporativa da telefonia móvel. Como palavras mágicas, produtividade e mobilidade vêm justificando os investimentos necessários nos projetos móveis das grandes corporações mesmo quando a empresa tem cláusulas globais de padronização de tecnologia. Esse é o caso da indústria química suíça Clariant, presente em mais de 150 países e seguidora religiosa da economia de escala permitida pelos contratos globais de TI, que fechou contrato com a Vivo porque conseguiu provar à matriz que a conectividade móvel era muito mais produtiva que o método adotado nos demais países. "No passado, a Vivo chegou a nos oferecer a placa EV-DO com uma proposta de modelo de negócio, mas não se mostrava viável porque tínhamos o limitante de como negociar esse projeto com a Clariant na Suíça", conta Alberto Mendes, coordenador de TI da Clariant para América Latina. A alternativa só veio dois anos depois, quando a Clariant adotou globalmente a VPN (virtual private networking) da Infonet para a comunicação interna dos funcionários e a subsidiária brasileira conseguiu provar que o investimento na contratação de 66 placas EV-DO para notebooks reduziria em até 30% os custos com o acesso dos funcionários que estavam fora da empresa. "A Vivo deixou de oferecer uma proposta de negócio e passou a ser prestadora apenas de um meio de conexão", conclui Mendes. Sem revelar o custo do projeto, o coordenador de TI da Clariant revela que o investimento justifica porque o objetivo era prover mobilidade aos colaboradores e sem as placas EV-DO, o custo de acesso seria muito maior já que os hotéis cobram por minuto o acesso á internet e baseado em dólar. Em relação à performance da rede fora da cobertura EV-DO - hoje apenas seis cidades tem o padrão implantado pela Vivo - Mendes afirma que o acesso é satisfatório porque os usuários já estavam habituados à conexão de linha discada, que é parecida com a performance da rede CDMA. Ele ressalta, entretanto, que a cobertura 1XRTT é bastante abrangente e parecida com a banda larga de 256 Kbps da telefonia fixa. Transformação Enquanto a Vivo destaca a velocidade de 2,4 Mbps da rede EV-DO e a aplicação Smart Mail, desenvolvida em parceria com a Mowa; a TIM e a Claro proclamam a chegada da Microsoft na plataforma móvel como o grande diferencial da oferta de serviços corporativos via celular. "Os celulares viraram instrumento de trabalho das pessoas. Um dos motivos dessa transformação foi a chegada da Microsoft no mundo móvel. O Bill Gates não investiria na compra de empresas especializadas na área móvel se celular fosse apenas para falar. Afinal, a fala não é o negócio dele", observa Valter aoki, diretor de negócios corporativo da TIM. Essas inovações trouxeram flexibilidade ao uso do celular. Com as redes mais velozes, as empresas podem trafegar mais dados e as novas aplicações permitem usar o celular como meio de acesso a plataformas como CRM, ERP e os sistemas operacionais da Microsoft, além é claro do acesso á web. "A internet móvel de alta velocidade trouxe a percepção do benefício da mobilidade ás corporações", constata Boemeke, da Vivo. "Com o advento do Windows nos terminais móveis, os usuários ganharam a portabilidade das aplicações. O funcionário da empresa esteja onde estiver pode ver seus emails, acessar seu Office e até entrar na rede corporativa da empresa via internet", aponta Marco Quatorze, diretor de serviços inovadores da Claro. O diretor corporativo da TIM, informa ainda que a implantação de VPNs para acesso entre a operadora e a corporação - que cria um tunelamento dentro da internet para trafegar os dados corporativos - trouxe também o conceito de segurança para mobilidade, o que amplia o escopo da demanda para transações financeiras e sigilosas. Outra evolução que o diretor da TIM considera fundamental para avanço dos projetos corporativos móveis foi a chegada dos terminais com mais memória, teclados maiores e com sistemas abertos para o desenvolvimento de aplicações. O grande diferencial da operadora, entretanto, é a exclusividade da TIM em ter cobertura nacional no Brasil. Esse quesito, revela Fernando Cotarelli, vice-presidente de operações da DHL Express, foi um dos diferencias que colocou a TIM como campeã na seleção para fornecimento dos serviços móveis aos seus courriers. "São pouquíssimas as áreas de sombra da cobertura da TIM e a expansão da rede é muito freqüente. Além disso, a operadora demonstrou muita intenção de investir junto com a gente", conta Cotarelli, que aportou 1 milhão de dólares nesse projeto com objetivo de melhorar a qualidade do serviço. "Nossa operação vende tempo. E a mobilidade é fundamental para atingir essa missão. Antes do projeto da TIM, a informação da entrega demorava três horas para chegar no sistema. Agora, este mesmo processo é feito em 15 minutos", comemora Cotarelli. O projeto na DHL Express implica o uso de 150 terminais móveis com scanner, da Motorola, que lêem o código de barras da nota fiscal na hora da entrega do produto e encaminha a informação por meio da rede de dados da TIM. A idéia é estender o terminal para 171 courriers e, no futuro, aproveitar essa base de dispositivos para gerenciar melhor a logística, enviando informações novas para coletas não previstas no decorrer do dia. Barreiras do passado Veja abaixo a opinião dos diretores corporativos da TIM, Vivo e Claro sobre a evolução da oferta da telefonia móvel: Marco Boemeke, da Vivo Empresas Latência: O executivo destaca que a priorização do serviço de dados foi uma das metodologias que amenizou o problema da latência (atraso da transmissão) da rede de dados, além da velocidade permitida com a terceira geração (a Vivo é a única operadora que adotou o 3G por meio da tecnologia EV-DO). Cobertura: O padrão 1XRTT, que permite até 144 Kbps, já foi implementado em 1500 localidades pela Vivo, que não tem cobertura no estado de Minas Gerais e no Nordeste. Desenvolvimento: A operadora já fechou parceria com mais de 40 parceiros desenvolvedores de aplicações e a partir disso, criou produtos de prateleiras para automação de força de venda, telemetria, diagnóstico. Outra aplicação que ganha destaque no portfólio Vivo é o Smart email, desenvolvido em parceria com a Mowa. Inovação: Banda larga móvel é o grande apelo da Vivo, que já conquistou clientes como Votorantim, Ambev e Sadia pela alta velocidade que oferece por meio do CDMA 1XRTT e do EV-DO. "O grande apelo é a mobilidade com qualidade. Automação de força de vendas deixou de ser sinônimo de projeto móvel no País", observa Boemeke. Valter Aoki, da TIM Latência: De acordo com Aoki, a latência não era o limitador do projeto corporativo, mas sim o terminal móvel. "A inserção de algumas aplicações nos terminais reduziu muito a necessidade de tráfego de dados entre o aparelho e o servidor da operadora, além das redes terem ganhado maior capacidade de banda", avalia. Ele cita os modelos Qtek 9090 e o Motorola MPX 220. Cobertura: a rede EDGE, que atinge até 200 kbps, já está presente em 380 municípios. O restante da rede TIM tem padrão GSM/GPRS e abrange todas as regiões do País. "Separamos o que é cobertura, problema e o que é serviço para cliente corporativo para que ele possa fechar o negócio de forma segura e sinta sempre satisfeito", comenta Aoki. Desenvolvimento: A operadora já tem mais de 10 parceiros desenvolvedores de aplicações e também criou pacotes segmentados como serviços de força de venda, telemetria, logística, entre outros. A CSIT e Trevisan se destacam entre os desenvolvedores e oferecem a plataforma como serviço. Inovação: além do sistema operacional Windows Móbile e do Blacberry, o executivo da TIM ressalta a política de segurança da operadora, que adota não só a criptografia embutida nos chips como também implantação de VPN para o tráfego com clientes corporativos. Marco Quatorze, da Claro Latência: Existiam três problemas que resultavam em latência do tráfego: ao compartilhamento de dados e voz na mesma rede, configuração dos aparelhos e a velocidade da rede. O Edge superou o desafio da velocidade, a locação de canais específicos para dados resolveu a falta de espaço da conexão e os terminais começaram a vir com uma configuração mais simples feita diretamente pelos fabricantes. Cobertura: Somente em 2005, a Claro implantou EDGE ( 200 kbps) em mais de mil cidades entre a região Sul e Sudeste. A operadora não tem cobertura na região Norte. Desenvolvimento: A operadora destaca o projeto fechado com a Redecard, que utiliza a rede da Claro como meio de acesso dos terminais de pagamento (PoS) do varejo. Até o fim do ano, 50 mil varejistas estarão utilizando a rede da Claro. Inovação: "Hoje a diferença de custo de um terminal de transmissão de dados para os dispositivos disponíveis pelas operadoras é em torno de 40 dólares a 60 dólares. Ou seja, uma diferença ínfima diante do resultado do projeto que permite mais mobilidade, portabilidade e produtividade", destaca Quatorze.

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